Só para cristãos. Judeus. Asiáticos. Latinos. Para casados em busca de casos. Para quem tem mais de 40 anos. Até os aficcionados por produtos da Apple já ganharam um site de encontros só para eles, com dicas próprias.
Sites para cristãos, por exemplo, são tão populares que há outros sites só para fazer críticas e avaliações a respeito. Alguns, como o ChristianDatingService.com, vão além e respondem a perguntas frequentes como: "Tudo bem beijar de língua?".
O crescimento do on-line dating nos EUA está seguindo na direção dos nichos, em parte porque sites maiores e mais genéricos, apesar de dominarem o ramo, estão perto da saturação.
Até 2005 o aumento do volume de usuários dos genéricos foi explosivo. Em 2003, por exemplo, o crescimento foi de 77%. Agora está praticamente estagnado.
Para David Evans, que presta consultoria para empresas do ramo, o crescimento no começo da década passada tem a ver com a disseminação da internet, que se refletiu em todos os serviços e não só nos de namoro. Depois, as coisas se acalmaram.
As grandes tendências agora são os nichos e os sites para maiores de 50 anos, afirma Evans, que também escreve o blog Online Dating Insider. Para atrair os milhões de jovens solteiros que ainda não buscam parceiros on-line, vai ser preciso uma grande sofisticação dos sites, de mais filtros para mensagens a ideias melhores para iniciar contatos.
De toda forma, as cifras impressionam. De acordo com relatório publicado pela firma de pesquisas Jupiter sobre conteúdo pago de internet, sites de encontros nos EUA deverão lucrar US$ 1,9 bilhão em 2012, um aumento de 16% em cinco anos. E as receitas com mensalidades de usuários e publicidade ultrapassam US$ 3 bilhões por ano.
CRÍTICAS
Apesar de já ser socialmente aceito, as críticas à prática se acumulam. Em artigo sobre o tema na revista "Economist", a socióloga Millsom Henry-Waring, da Universidade de Melbourne, alerta que a comunicação virtual em geral, e serviços de encontros na internet em particular, estão gradualmente mudando o conceito de relacionamento e casamento da sociedade para piore.
Para ela, tais serviços encorajam pessoas a ver parceiros como "commodities", que podem simplesmente ser trocadas por versões melhores com o clique de um mouse.
E mesmo os fãs dos serviços não discordam. "É muito visual e superficial, disse à Folha um analista comercial americano de 30 anos que navega os sites há quase dez. É mesmo uma commodity. Um perfil é como um currículo".
Os clientes dos sites não pensam em mulheres, pensam em perfis, afirma Evans. "As pessoas que eu conheço que se casaram com outras que conheceram na internet abordaram a busca como um negócio".
Mas os responsáveis pelos serviços afirmam que há vantagens incomparáveis. A primeira é o acesso a muito mais parceiros potenciais do que seria esperado no mundo real, sem mencionar a filtragem de candidatos por características desejáveis.
O analista diz que usa os sites exatamente por esses motivos. "Já saí da universidade, e a maioria das pessoas da minha idade não é mais solteira. Não me sinto confortável abordando mulheres em bares. Preciso criar outros canais, e gosto da sensação de controle, de poder escolher calmamente de quem quero me aproximar".
Em vários aspectos, a paquera virtual replica estereótipos da cena noturna. Na maior parte das vezes, por exemplo, são os homens que escrevem para as mulheres, que apenas criam os perfis e aguardam a procura.
Mas vários sites também têm métodos próprios para sugerir parceiros aos membros. Além das buscas feitas pelos candidatos, os sites fazem sua própria junção de casais por algoritmos que levam em conta mais de 1.500 diferentes pontos.
"Os sites sabem para quem as pessoas escrevem, e às vezes entendem melhor do que o próprio cliente o que ele está buscando", disse Evans.
Mesmo com toda a parafernália, as reclamações são muito familiares para qualquer um que já se aventurou pela noite real. "A pessoa tem que estar pronta e realmente querer um relacionamento para dar certo on-line", afirmou o analista. "Pela minha experiência, muita gente quer só atenção".
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