Uma semana após a renúncia do deputado de Nova York Anthony Weiner, que caiu em desgraça após enviar fotos só de cueca, toalha e similares pelo Twitter para várias mulheres, o debate sobre os hábitos sexuais e amorosos dos americanos na internet segue quente.
Weiner, que em casa tem uma mulher grávida, é acusado de ter abusado da posição (sem trocadilho) para espalhar as imagens eróticas. Mas o escândalo abriu os olhos dos EUA para o fato de que o 'sextings' (envio de fotos ou mensagens sexuais via internet ou celular) é um fenômeno disseminado no país, e não um passatempo adolescente, como se pensava.
Veio à tona, por exemplo, que prática é bem mais comum entre os que têm entre 18 e 29 anos. Quase um terço dos ouvidos dessa faixa etária em pesquisa do instituto Pew disseram que já receberam textos de conteúdo sexual ou fotos nuas de alguém que conhecem, e 13% admite que já enviaram os chamados 'sextss' (junção de sexs e textt).
Entre os americanos de 30 a 49 anos, 17% já receberam e 5% já enviaram)sextss, de acordo com o Pew. Já no caso de adolescentes os números caem para 15% para recebimento e 4% para envio.
Se o Sextings é um deslize, então os americanos certamente estão deslizando bastante, escreveu no "New York Times" Michelle Drouin, psicóloga da Indiana University-Purdue University Fort Wayne. Para ela, o hábito não está ligado a consumo de pornografia, e sim ao quanto o país usa a mídia eletrônica em seu dia a dia.
Drouin conduziu uma pesquisa com uma amostra de 745 universitários entre 18 e 25 anos e afirma que o 'sextings' é uma forma popular de expressão sexual nos EUA tanto em relações românticas monogâmicas (80% dos que namoram já enviaram ou receberam) quanto entre parceiros ocasionais (70% já enviaram e 51% já receberam).
Há gradações. Susan Lipkins, psicóloga de Nova York especializada em internet, acredita que, para jovens que nasceram na era digital, o sextings é apenas uma forma de comunicação.
Mas para quem tem hoje mais de 27 anos, existem outras implicações. Em estudo conduzido por ela na internet, pessoas a partir dessa idade associava o 'sextings' a poder ou dominação.
Adultos que enviam 'sextss' podem estar fazendo isso para mostrar poder sobre um grupo ou uma pessoa, para aumentar sua popularidade, usar seu status ou canalizar agressividade, afirma.
AMOR NA REDE
O 'sextings' é apenas uma faceta do comportamento virtual cada vez mais tipicamente americano na hora de buscar intimidade com outra pessoa, seja sexual ou romântica.
O país é de longe o mais avançado no mercado dos sites de encontros. De 110 milhões de adultos solteiros no país, estima-se que 30 milhões buscam companhia nesses sites (a conta é baseada no tráfego on-line).
Um estudo de sociólogos das universidades de Stanford e City College de Nova York indicou que entre casais heterossexuais que se conheceram em 2009, a internet foi a terceira forma mais comum de fazer contato inicial, perdendo apenas para apresentações por amigos e quase empatando com encontros em bares. Sem falar em quem está atrás de algo mais, digamos, fortuito.
Mas há sérias dúvidas do quão eficazes são em formar relações duradouras, disse à Folha David Evans, consultor de empresas do ramo e criador do blog Online Dating Insider.
Pesquisas e comerciais sobre casamentos que ocorreram via sites de encontros em geral são patrocinadas pelos próprios sites.
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