A internet se transformou em um grande latifúndio compartilhado por cerca de 72 milhões de pessoas, que passam dias e noites semeando, plantando e colhendo frutas, vegetais e flores e cuidando de animais. São os fazendeiros virtuais do FarmVille, joguinho que simula a manutenção de uma fazenda e que virou febre no Facebook.
O jogo é também um dos principais exemplos de brincadeiras aparentemente inúteis que despontam nas redes e são apontados como um reflexo da comunicação no mundo superconectado, diz Marcelo Lobianco, professor e coordenador do núcleo de marketing digital da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
"Cada vez mais as pessoas passam mais tempo no Facebook, no Twitter, no Orkut. Se você está em um lugar onde estão todos os seus amigos, você usa todos os canais disponíveis para se comunicar com eles. E os jogos são a novidade do momento", diz ele.
Luli Radfahrer, professor de comunicação digital da USP (Universidade de São Paulo), acrescenta: "O jogo vai aonde o usuário está. Antes, se eu quisesse jogar, teria que parar e pegar um Xbox, um Wii. Se tivesse dez minutos, não jogaria. As redes diminuem a distância".
Segundo ele, o mecanismo de recompensa rápida do jogo --a fazenda cresce, o fazendeiro ganha moedas-- é um dos motivos pelos quais seus jogadores ficam tão viciados. "O cara vira um bom jogador em um, dois dias. É uma droga que vicia em duas sessões, mesmo que a dependência seja curta. Você tem apoio do grupo, que o incentiva a continuar jogando."
A brincadeira virtual gera riqueza real, impulsionada, no Brasil, principalmente por usuários de 21 a 34 anos, segundo o Ibope. A Zynga tem faturamento estimado em US$ 250 milhões anuais.
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