quarta-feira, 18 de abril de 2012

Microsoft e Justiça dos EUA unem-se contra rede de computadores escravos

Como se fosse um herói de gibi, que atua paralelamente à lei, a Microsoft está tentando fazer justiça com as próprias mãos.
Por meio da sua Unidade de Crimes Digitais, a empresa se esforça para combater cibercriminosos que, normalmente, passam despercebidos pelos radares de agentes da lei.
No último dia 23, membros da unidade se uniram a oficiais de Justiça dos EUA na busca e na apreensão de equipamentos usados por criminosos para comandar uma gigantesca rede de computadores escravos (ou "botnet") conhecida como Zeus.
Os inspetores digitais forenses J-Michael Roberts e Ashim Kapur coletam evidências em Scranton (Pensilvânia)
Desde 2007, mais de 13 milhões de computadores em todo o mundo já foram infectados e se tornaram parte da Zeus, causando um prejuízo de US$ 100 milhões às suas vítimas.
A desarticulação da rede foi o resultado de uma investigação da unidade que durou "meses", segundo um dos blogs da empresa. E não foi a primeira ação do tipo. Desde 2010, outras três botnets (Rustock, Waledac e Kelihos) foram desativadas pelo time.
Tudo isso, claro, não acontece na ilegalidade -todo herói que se preza colabora e recebe a ajuda de órgãos da Justiça. Para apreender os equipamentos, a Microsoft move processos civis contra donos de redes de PCs zumbis.
"O cibercrime cruza fronteiras, jurisdições e plataformas, e, portanto, nenhuma agência ou ação pode combatê-lo sozinha com eficiência. Acreditamos que parcerias público-privadas são essenciais para tratar das complexidades dos cibercrimes", disse a assessoria da Unidade de Crimes Digitais à Folha.
A equipe, que tem sua base no campus da Microsoft em Redmond, Washington, é comandada por Richard Boscovich, advogado e ex-promotor federal nos EUA. O resto do time conta com advogados, investigadores e analistas técnicos espalhados pelo mundo.
DEFESA PRÓPRIA
"A Microsoft está defendendo o próprio peixe", diz Wanderson Castilho, especialista e autor de livros sobre crimes digitais. Ele entende que o fato de o Windows ser o sistema operacional mais usado e atacado força a empresa a defendê-lo para preservar sua marca.
Segundo uma pesquisa feita pela própria Microsoft em julho do ano passado, 10 milhões de máquinas infectadas foram encontradas só nos EUA. No Brasil, o número era de 3,8 milhões.
E esses dados podem ser ainda maiores, pois correspondem apenas a usuários que rodaram o Malicious Software Removal Tool, uma ferramenta da empresa para detecção de pragas virtuais.
"Qualquer pessoa pode entrar com uma ação civil e fazer investigações paralelas sobre crimes virtuais", diz Leandro Bissoli, advogado especialista em direito digital.
A diferença é que a Microsoft tem recursos para fazer isso -chegou a oferecer US$ 250 mil de recompensa por pistas de hackers. O que seria, afinal, de Batman sem a grana de Bruce Wayne?

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