Amazon, Apple e Twitter receberam notas baixas em um estudo divulgado
nesta terça-feira (17) pela organização ambientalista Greenpeace sobre o
uso de energia limpa para fazer funcionar a chamada "nuvem de dados" na
internet, enquanto Facebook, Google e Yahoo! receberam elogios.
O estudo, intitulado "Quão limpa é sua nuvem?", avaliou como as empresas
administram as "nuvens", ou seja, centros de armazenamento de dados
on-line. Por razões de custo e espaço, estas companhias desenvolvem
grandes servidores ou terceirizam os serviços, às vezes situados em
outros países.
"Não estamos tentando complicar sua vida, estamos tentando incentivá-los
a fazer a coisa certa", explicou a analista do Greenpeace, Casey
Harrell, à France-Presse.
"Amamos nossos iPhones, que tornam nossa vida mais fácil, mas eles não devem prejudicar o planeta", acrescentou.
A Apple recebeu uma insuficiente nota "D" pela eficiência energética em
centros de dados, a troca de informação sobre o uso de energia e a
gestão perante diferentes entidades para fornecer energia limpa.
Além disso, levou uma nota "F" na hora de situar centros de dados em
locais onde a eletricidade provém de fontes limpas no lugar do carvão,
cuja queima é apontada como uma das principais responsáveis pelo
aquecimento global.
No entanto, a empresa sediada em Cupertino, Califórnia (oeste dos EUA),
rejeitou as conclusões do Greenpeace e disse liderar os esforços para
favorecer a energia limpa.
O novo centro de dados da empresa, situado na Carolina do Norte (leste
dos EUA), visa a que mais de 60% de sua energia provenha de fontes
renováveis, entre elas uma fazenda solar e a instalação de células de
combustível (que produzem eletricidade a partir de uma reação química).
Será "o centro de dados mais verde construído até agora" e se somará, no
ano que vem, a um em Oregon (nordeste dos EUA) que funciona
completamente a partir de energia renovável, afirmou a porta-voz da
Apple Kristin Huguet.
A Amazon levou notas reprovatórias em tudo, exceto em eficiência
energética nos centros de dados, quesito no qual sua nota foi "D".
As empresas de tecnologia tendem a não fornecer detalhes sobre o uso de
energia em centros de dados por razões de concorrência e a Amazon alegou
que a informação do Greenpeace era "inexata".
"A AWS (Amazon Web Services) acredita que o "cloud computing"
(computação em nuvem) é por si mais ecológica do que a informática
tradicional", informou a companhia em resposta a uma pergunta da
France-Presse.
"Ao invés de que cada empresa tenha seu próprio centro de dados que
sirva apenas a ela, a AWS torna possível que centenas de milhares de
empresas consolidem seu uso em um punhado de centros de dados na nuvem
da AWS", acrescentou.
Para o Greenpeace, embora a meta de eficiência em centros de dados seja
alcançável, é preciso optar por energia limpa para salvaguardar o
planeta.
A tendência crescente de se usar a nuvem para oferecer serviços como
enviar e receber e-mails, assistir a vídeos, compartilhar fotos,
participar de redes sociais e tuitar, impulsiona a demanda por centros
de dados.
Se os centros de dados do mundo fossem considerados um país, ocupariam o
quinto lugar em termos de consumo de eletricidade em um ranking
mundial, segundo o Greenpeace.
Um fator importante na localização dos centros de dados é a eletricidade
barata, o que faz com que sejam construídos em locais onde se gera
energia por queima de carvão, prejudicial para o clima mundial.
Os centros de dados são tão cobiçados pelas empresas fornecedoras de
eletricidade que as empresas de tecnologia têm influência para
pressionar por mudanças para fontes de energia limpa, acrescentou a
organização.
"O crescimento explosivo dos centros de dados é um grande problema, se
continuar vinculado ao carvão, ou uma grande oportunidade", disse o
chefe de imprensa do Greenpeace, David Pomerantz.
"Se o setor das tecnologias de informação impulsionar o desenvolvimento
de energia solar, eólica e outras fontes renováveis poderia ser um
grande fator de mudança", emendou.
O Google tem investido muito em energias renováveis e o Facebook
implementou em dezembro uma política para que a disponibilidade de
energia limpa seja um critério para construir centros de dados.
O Yahoo!, por sua vez, foi um dos primeiros a radicar centros de dados em locais com fontes renováveis de energia.
A lista das 14 empresas de tecnologia qualificadas pelo Greenpeace
inclui IBM, Microsoft, Hewlett-Packard, Oracle e Salesforce, entre
outras.
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