segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Ex-hacker acusa estudantes do MIT de ajudar a vazar documentos secretos, diz CNN

Um ex-hacker acusou dois estudantes do renomado Massachusetts Institute of Technology (MIT), localizado em Boston, nos EUA, de colaborar no vazamento de documentos militares sobre a guerra do Afeganistão para o site WikiLeaks, informou a "CNN" em sua página na internet.
A acusação foi feita por Adrian Lamo, cujas denúncias anteriores levaram à detenção do principal suspeito da publicação de documentos secretos, o analista de inteligência Brian Manning.
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Lamo assegura que dois estudantes do MIT admitiram a ele em conversas por telefone que colaboraram com Manning para conseguir os documentos militares.
O ex-hacker disse que não revelaria a identidade dos estudantes porque "pelo menos um deles" o ameaçou, segundo a "CNN".
No entanto, Lamo declarou que os dois são seus amigos na rede social Facebook e que também compartilham dados de contato com Manning, a quem entregaram um software cifrado, segundo sua denúncia.
As autoridades federais continuam buscando novos suspeitos do vazamento de documentos, entre eles um grupo de amigos de Manning que estuda no MIT e na Universidade de Boston, segundo o "The New York Times".
SANGUE NAS MÃOS
O Pentágono já acusou o Wikileaks de ter "em suas mãos o sangue de alguns jovens soldados ou de uma família afegã", após o site ter divulgado mais de 91 mil páginas de documentos secretos da guerra do Afeganistão. Agora, o Taleban afirmou que está analisando o conteúdo divulgado, e que pode punir os afegãos que ajudaram os americanos. E o governo americano reiterou seu apelo ao site para que interrompa o vazamento das informações.

"Vocês têm porta-vozes do Taleban na região hoje dizendo que estão vasculhando esses documentos para encontrar pessoas que estejam cooperando com os americanos e com as forças internacionais. Eles estão procurando esses nomes. Eles disseram que sabem como punir essa gente", disse Robert Gibbs, porta-voz da Casa Branca.
O canal britânico Channel 4 falou por telefone com um porta-voz do grupo radical islâmico, Zabihullah Mujahid, que afirmou que o Taleban vai investigar os indivíduos identificados nos documentos vazados antes de decidir o que fazer com eles.
"Estamos estudando o relatório" disse ele ao canal britânico, confirmando que o grupo insurgente já tem acesso aos documentos divulgados pela internet. Mujahid disse que ficou sabendo disso por meio de reportagens na imprensa.
"Sabíamos sobre os espiões e pessoas que colaboram com as tropas americanas. Vamos investigar por meio de nosso serviço secreto se as pessoas mencionadas são realmente espiões trabalhando para os EUA. Se eles forem espiões americanos, então sabemos como puni-los."
O Taleban costuma executar os acusados de colaborar com o "inimigo" usando métodos como enforcamento em público, decapitação, execução e, em um incidente recente, amarrar dois supostos traidores a explosivos antes de detoná-los em público, cita o Channel 4.
EUA IMPLORAM
Após anunciar que mais informações sobre a guerra no Afeganistão podem ser divulgadas, o site WikiLeaks recebeu um apelo da Casa Branca nesta sexta-feira para que interrompa o vazamento de dados secretos.
Autoridades da administração do presidente Barack Obama disseram que a investigação sobre o vazamento de milhares de documentos confidenciais vai além dos militares americanos. De acordo com o porta-voz da Casa Branca Robert Gibbs a divulgação destas informações colocam em risco a segurança nacional e as vidas de informantes afegãos e membros do Exército dos Estados Unidos.
Gibbs comentou ainda as potenciais ações do governo para impedir que mais dados secretos sejam vazados pelo site WikiLeaks. "Não podemos fazer nada além de implorar à pessoa que detém estes documentos confidenciais para que não os divulgue", disse.
CONTATOS
O governo americano disse ter entrado em contato com o site WikiLeaks, mas não obteve sucesso. "Passamos mensagens a eles (mas) não estou ciente de qualquer diálogo direto", afirmou Crowley.
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, disse em entrevista à emissora estatal de TV da Austrália na quinta-feira que o site contatou a Casa Branca -- por meio do jornal "New York Times" -- e ofereceu permitir que autoridades do governo tivessem acesso aos documentos antes de divulgá-lo, para ter certeza de que pessoas inocentes não fossem identificadas.
Assange disse que a Casa Branca não respondeu ao contato.
O governo negou ter sido contatado. Um porta-voz do Pentágono, David Lapan, disse hoje que isso é "absolutamente falso". Já o porta-voz da Casa Branca, Tommy Vietor, disse: "Isso é absolutamente, inequivocadamente, mentira. Ele não tem cuidado com os fatos, como não teve com esses documentos."
INVESTIGAÇÃO
O inquérito instalado pelo Pentágono tem se focado em Bradley Manning, 22, um especialista em inteligência do Exército americano que já foi condenado anteriormente por ter vazado vídeos ao site WikiLeaks.
O militar americano é o principal suspeito do vazamento de mais de 91 mil páginas de documentos secretos da guerra do Afeganistão ao site WikiLeaks, foi transferido de uma prisão militar no Kuait para a base da Marinha em Quântico, nos Estados Unidos.
Manning, de 22 anos, serviu como analista de inteligência no Iraque. Ele já havia sido detido em maio passado, suspeito de ter transmitido ao Wikileaks um vídeo que mostra o ataque de um helicóptero do Exército americano no Iraque. O ataque causou, em 2007, a morte de dois funcionários da agência de notícias Reuters e de várias outras pessoas, em Bagdá.
Ele foi acusado em junho passado de oito violações ao Código Criminal dos EUA por transferir ilegalmente informações classificadas. Agora, é o principal suspeito de um novo vazamento de documentos militares ao WikiLeaks, que causou reação internacional ao revelar detalhes cruéis da rotina da guerra --como assassinato de civis encobertos e esquadrões que matam talebans sem julgamento.
O militar, afirma a rede de TV americana CNN, permanecerá em confinamento na base da Marinha até que a investigação do Pentágono determine se ele deve enfrentar um tribunal militar pelas acusações. Como seu julgamento não foi determinado, ele ainda não entrou com declaração de inocência ou culpa.
Segundo o Pentágono, Manning teria acessado um sistema mundial militar dos Estados Unidos, com acesso restrito via internet, Secret Internet Protocol Router Network (SIPRNET), e baixado dezenas de milhares de documentos.

Um comentário:

João Flávio disse...

Poderiam usar sua inteligência para outros meios.