Em 1974, Steve Jobs bateu à porta da Atari com o objetivo de preencher uma vaga de designer de videogames.
"Há um garoto aqui no saguão. Ou ele é doido ou é um gênio", disse a recepcionista.
Com aspecto de mendigo, Jobs era um aplicado seguidor do prussiano
Arnold Ehret (1866-1922), que pregava uma dieta "sem muco", à base
somente de vegetais.
Jobs alternava almoços que consistiam somente em frutas ou em iogurte
com períodos de jejum de até duas semanas. Acreditava que seus hábitos
alimentares o dispensavam da obrigação de tomar banho.
Mesmo sem nenhuma experiência, Jobs foi contratado como técnico na Atari
a um salário de US$ 5 por hora. Não tardou a meter "o nariz no trabalho
dos outros engenheiros" e a chamar seus colegas de imbecis.
"Os engenheiros não gostavam dele. Ele cheirava mal", conta Al Acorn, engenheiro-chefe da Atari.
O relato está em "O Fascinante Império de Steve Jobs", de Michael
Moritz, que no início da década de 1980 era repórter da "Time" e teve
acesso irrestrito à Apple.
O robusto volume se destaca pela atenção a minúcias, pelo rigor técnico e
pelas descrições romanceadas ("A luz morna da tarde de sábado pintava
as portas de vidro nos fundos do laboratório do Mac. O ar-condicionado,
que nos dias úteis vibrava através das placas do forro do teto, estava
desligado.")
A história da Apple, literalmente uma empresa "de garagem", é rica em
episódios curiosos como o da produção de seu primeiro computador.
A irmã de Jobs era encarregada de enfiar semicondutores e outras peças
nas placas da máquina. Ao mesmo tempo, via televisão e conversava com
amigos ao telefone, o que "acabava gerando chips plugados erroneamente e
alguns delicados pinos dourados meio tortos e bambos", relata Moritz.
Publicado originalmente em 1984 e expandido em 2009, "O Fascinante Império de Steve Jobs" foca as décadas de 1970 e 1980.
Interessados na história de produtos mais recentes da Apple, como o
iPod, podem recorrer a "A Cabeça de Steve Jobs", de Leander Kahney.
O Fascinante Império de Steve Jobs
Michael Moritz
EDITORA Universo dos Livros
TRADUÇÃO Heinar Maracy e Mario Amaya
QUANTO R$ 39,90 (367 págs.)
AVALIAÇÃO bom
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