O Reino Unido enfrentou críticas na terça-feira (1º) por considerar
impor restrições nas mídias sociais depois dos recentes tumultos, mesmo
com a condenação do secretário de Relações Exteriores, William Hague,
aos países que bloqueiam a internet para evitar manifestações.
"Muitos países ao redor do mundo estão buscando ir além da interferência
legítima ou discordam de nós sobre o que constitui um comportamento
'legítimo'", disse Hague na Conferência de Londres sobre Ciberespaço.
"Nós vimos na Tunísia, no Egito e na Líbia que cortar a internet,
bloquear o Facebook, interromper a transmissão da Al Jazeera, intimidar
jornalistas e prender blogueiros não cria estabilidade ou faz com que as
queixas vão embora... A ideia de liberdade não pode ser contida atrás
de grades, não importa quão forte seja o cadeado."
Ministros, executivos do setor de tecnologia e ativistas da internet de
vários países iniciaram na terça-feira uma reunião de dois dias em
Londres para discutir como enfrentar o crime e as ameaças à segurança na
internet sem prejudicar as oportunidades econômicas e a liberdade de
expressão.
Um grupo anticensura acusou países ocidentais de adotar dois pesos e
duas medidas, apontando que o primeiro-ministro britânico, David
Cameron, chegou a considerar restringir as redes sociais depois dos
tumultos nas cidades inglesas em agosto.
"É muito fácil defender esse caso de direitos humanos no preto e no
branco contra as ditaduras ao redor do mundo, mas assim que nossa
estabilidade de Estado ao estilo ocidental é questionada, então a
liberdade de expressão é dispensável. Deveria haver uma regra para
todos, inclusive para governos ocidentais", afirmou John Kampfner,
presidente-executivo da Censorship, na conferência.
A conferência vai examinar meios de ampliar a cooperação internacional
nas questões que surgiram com a rápida expansão da internet. Enquanto
países ocidentais se preocupam com crimes de propriedade intelectual e
hackers, governos autoritários como China e Rússia estão alarmados com o
papel das mídias sociais nos protestos que agitaram o mundo árabe neste
ano.
AGENDA PARA AS NEGOCIAÇÕES
Cerca de 60 países, incluindo China, Rússia e Índia, estão representados
na conferência. Entre as personalidades esperadas estão Jimmy Wales,
fundador da Wikipédia, e Joanna Shields, executiva do Facebook. A
secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, cancelou sua presença por
causa do estado de saúde da mãe dela.
O evento não tem como previsão a formatação de nenhum acordo, mas as
autoridades britânicas esperam que estabeleça uma agenda para futuros
debates sobre a segurança na rede.
Uma sessão fechada vai abordar o aspecto do aumento da internet que
atrai mais atenção: as ameaças à segurança internacional. Foi registrado
um crescimento dramático dos ciberataques ao longo do ano passado, em
sua maioria ligados a governos.
Na véspera da conferência, o chefe da agência de espionagem em
comunicação do Reino Unido disse que os sistemas de informática do
governo e da indústria estavam enfrentando um número "perturbador" de
ciberataques, incluindo um ataque sério à rede do gabinete de Relações
Exteriores.
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