As novas tecnologias, como smartphones e iPad, são úteis para quem
precisa ser ágil no trabalho mesmo fora do escritório, mas prolongam a
jornada dos trabalhadores pelo dia --e às vezes pela noite afora-- e são
motivo de estresse e ansiedade.
Mesmo assim, há quem não abra mão dos aparelhos.
O pediatra Moises Chencinski, 53, trabalha no próprio consultório das 7h
às 19h e, quando chega em casa, continua acessando o e-mail do
trabalho, ao qual os pacientes recorrem para esclarecer dúvidas. "Às
vezes acordo no meio da noite pensando que deixei de responder alguma
coisa."
Como hobby, mantém um site na internet, em que publica artigos e
informações relacionadas à área de atuação. Na sua página, avisa os
pacientes: "Você tem dúvidas e precisa falar comigo? Você pode ligar
para mim no consultório, em casa ou me mandar um fax ou um e-mail. Use o
Fale Comigo do site e você vai se assustar com a velocidade da
resposta".
Fernanda Marques, 45, é sócia de um escritório de arquitetura. Tem iPad,
smartphone e acessa no computador de casa, remotamente, os programas
que usa no escritório. "Eu nem sei como conseguia trabalhar antes de ter
tudo isso."
Assim que um novo profissional com cargo de comando começa a trabalhar
no escritório, Fernanda providencia um celular inteligente para ele.
Segundo ela, o aparelho é importante para que o arquiteto possa dar
ordens e interagir com o restante da equipe mesmo quando está visitando
obras. "As empresas têm que estar abertas às novas tecnologias. Não
adianta querer entrar em um negócio [que depende de comunicação] se você
quer ir na contramão do mercado."
Os trabalhadores entrevistados pela Folha e que discordam do uso dos
celulares inteligentes e do iPad fora do horário de trabalho, porém,
preferiram não se identificar. A advogada A., de São Paulo, diz que se
sente escravizada. "Ninguém pergunta se eu tenho planos para o meu fim
de semana. Me dão prazos malucos e me fazem ameaças sutis."
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