domingo, 22 de agosto de 2010

Fundador do WikiLeaks atribui acusação de estupro ao Pentágono

O fundador do site Wikileaks, o australiano Julian Assange, afirmou que o departamento de Defesa dos Estados Unidos pode estar por trás das acusações que o levaram a ser procurado durante algumas horas por estupro na Suécia.
"Não sei o que há por trás. Mas haviam nos advertido que, por exemplo, o Pentágono podia jogar sujo para nos destruir", afirmou Assange em uma entrevista publicada no jornal sueco Aftonbladet.
"Além disso, alertaram contra armadilhas sexuais", acrescentou, sem precisar que achava que havia caído numa delas.
"Talvez sim, talvez não", limitou-se a comentar.
"Já me acusaram de todo tipo de coisa nos últimos anos, mas nunca de algo tão grave", acrescentou.
"O que posso dizer é que nunca tive, nem na Suécia, nem em nenhum outro país, relações sexuais com uma pessoa sem consentimento comum", afirmou ainda.

JUSTIFICATIVA
A promotoria sueca justificou o pedido de prisão por estupro emitido na sexta-feira e anulado no sábado contra Assange, em um comunicado publicado neste domingo, em Estocolmo.
"No sábado, o chefe dos promotores, Eva Finné, obteve mais informações que o promotor de plantão na noite de sexta-feira", indicou o comunicado da promotoria sueca para justificar a mudança de posição.
"Uma decisão como o pedido de prisão deve ser reavaliada no curso da investigação", afirma o comunicado da promotoria para explicar as razões pelas quais no sábado foi anulado o pedido de prisão contra Assange emitido na sexta-feira.
Na noite de sábado, o porta-voz do promotor, Karin Rosander, declarou à AFP que o procedimento seguido pelo promotor de plantão havia sido normal.
Tratando-se de acusações tão graves como a de estupro, o pedido de prisão é automático, indicou Rosander.
Por seu lado, a promotora de plantão, Maria Haljebo Kjellstrad, afirmou que não lamentava em nada sua decisão, em uma entrevista concedida ao jornal de direita Expressen, que revelou o caso no sábado.
"Recebi um relatório da polícia, que me pareceu suficiente para detê-lo", contou. "Na sexta-feira à noite, recebi uma ligação da polícia descrevendo o que as mulheres haviam dito. A informação que recebi era tão convincente que tomei minha decisão", declarou Haljebo Kjellstrand.
Na sexta, a promotoria havia anunciado que Assange era investigado por estupro e por agressão devido a declarações de duas mulheres transmitidas pela polícia.
As duas mulheres que originaram a intervenção da justiça em momento algum apresentaram uma queixa judicial.
No sábado, a promotoria anunciou que "Julian Assange não era suspeito de estupro, mas continuava aberta uma investigação por agressão contra uma mulher".
Assange negou imediatamente as acusações e tanto ele quanto pessoas próximas a ele afirmaram que o incidente se tratou de uma manobra mal-intencionada contra o WikiLeaks.
O CASO
Segundo o jornal, duas mulheres, de 20 e 30 anos, foram à polícia na sexta-feira para contar os maus pedaços que passaram com Assange, de 39 anos.
Intimidadas, elas não teriam querido prestar queixa, mas a polícia tomou a iniciativa de informar a promotoria.
Ainda de acordo com o periódico, Assange teria conhecido uma das mulheres no sábado à noite da semana passada em um apartamento de Södermalm, bairro de Estocolmo, e a outra, na manhã de terça, em Enköping, quilômetros a noroeste da capital.
Ao longo do sábado, o próprio Assange lançou no ar a pergunta: "Por que estas acusações agora? É interessante", disse, sem dar detalhes, na página na internet do jornal sueco "Dagens Nyheter".
O WikiLeaks, que declarou apoio a seu fundador em um comunicado publicado em seu blog oficial, enfureceu o governo americano ao publicar, na internet, 77 mil documentos confidenciais sobre a guerra no Afeganistão. Na semana passada, Assange anunciou em Estocolmo a intenção de publicar outros 15 mil documentos sobre o conflito.

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