quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Anatel defende regulamentação da neutralidade de rede

A conselheira da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) Emília Ribeiro defendeu no congresso da ANJ a urgência da regulamentação do princípio da neutralidade de rede, que garante que o usuário da internet tenha liberdade de acesso a qualquer conteúdo.
Ribeiro disse que tratará do tema no novo Regulamento de Serviço de Comunicação Multimídia, do qual é relatora e que deve entrar em consulta pública antes do fim do ano. O princípio também é mencionado no Marco Civil da Internet, legislação posta em discussão pelo Ministério da Justiça e que deve ser encaminhada ao Congresso em outubro.
Segundo a conselheira, a neutralidade é um tema candente no mundo inteiro por causa da convergência de mídias, que faz com que companhias que provêm acesso à internet sejam também fornecedoras de conteúdo. No Brasil, este é o caso, por exemplo, da Telefônica e da Oi, que controlam respectivamente os portais Terra e IG.
Pelo princípio da neutralidade, disse Ribeiro, "todos os pacotes de dados transmitidos utilizando o Protocolo de Internet deveriam ser tratados da mesma forma, independentemente do seu conteúdo, da sua origem ou destino, da aplicação ou dos equipamentos utilizados".
Provedores de acesso em geral não admitem que estão discriminando conteúdo: reclamam de dados "pesados" que supostamente tornariam mais lento o tráfego na rede. Alguns reivindicam que possa haver cobrança diferenciada para conteúdos que demandem mais banda larga.
O economista Cleveland Prates Teixeira, especialista da MicroAnalysis Consultoria Econômica, minimizou o argumento do "congestionamento", dizendo que ele fica resolvido quando o usuário compra pacotes de acesso de capacidade diferenciada.
Nesse aspecto, Felipe de Paula, secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, disse que o Marco Civil da Internet tratará da transparência dos contratos de acesso à rede e das garantias de proteção dos dados dos usuários.
A conselheira da Anatel disse que nas Américas apenas o Chile já tornou lei o princípio da neutralidade. A União Europeia atribuiu às agências reguladoras a competência de garantir o livre trânsito na internet de conteúdos produzidos por terceiros. Nos EUA, a FCC (Comissão Federal de Comunicações) acaba de submeter o tema à consulta pública.

Nenhum comentário: