Em uma comparação feita entre 14 países, um estudo colocou o Brasil como o país que menos atualiza seus programas de defesa contra piratas virtuais e o que mais sofre chamados ataques de negação de serviço (DDoS, na sigla em inglês) --aqueles em que invasores sobrecarregam um sistema para tirá-lo do ar.
O relatório "No Fogo Cruzado: As infra-estruturas essenciais na era da guerra cibernética" foi produzido pelo Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês), em parceria com a fabricante de antivírus para computador McAfee.
Os pesquisadores entrevistaram 600 diretores de segurança da informação de 14 países, incluindo entre outros Estados Unidos, China, Grã-Bretanha, Índia e Rússia.
Os consultados atuam em empresas de setores financeiro, energético, de recursos naturais, telecomunicações, transportes, químico, alimentício e de serviços públicos.
Dentre os brasileiros ouvidos, 65% disseram que as leis do país não são adequadas para combater crimes virtuais. Mais de 60% acreditam que o Brasil sofrerá nos próximos dois anos um ataque cibernético que afetará seriamente algum de seus serviços essenciais, como fornecimento de energia.
Vulnerabilidade brasileira
O relatório remete ao caso do apagão elétrico no Brasil no ano passado. "Em novembro de 2009, houve reportagens na mídia dos Estados Unidos dizendo que duas interrupções no fornecimento de energia no Brasil em 2005 e 2007 haviam sido causadas por piratas virtuais, talvez como parte de um esquema de extorsão", cita o texto.
Dias depois da publicação dessas notícias, 18 estados brasileiros ficaram sem energia. Uma das hipóteses para explicar o incidente foi um ataque de piratas virtuais que teria desligado a usina de Itaipu.
Em abril do ano passado, a companhia Telefonica também citou uma invasão de seus sistemas como justificativa para os graves problemas que seu serviço de internet rápida vinha apresentando no Brasil.
Sedundo a pesquisa do CSIS, quase 80% dos brasileiros ouvidos revelaram sofrer ataques recorrentes de negação de serviço. Nenhum outro país apresentou percentual tão elevado.
Em um índice de segurança contra ataques cibernéticos --em que 100% indica a máxima segurança possível-- o Brasil ficou com 40%, um dos cinco piores resultados.
Também de acordo com o relatório, ao lado da Espanha, o Brasil é o país que menos criou restrições ao uso de pendrives. Esses aparelhos de transporte de dados são descritos pela pesquisa como uma ameaça, porque podem transmitir vírus e serem usados para roubo de dados.
Paranorama global
Mais da metade dos entrevistados disse que sofre constantes ataques de negação de serviço e roubo de dados.
A informação mais surpreendente do estudo é a de que 59% dos ouvidos acreditam que os autores desses ataques podem ser governos estrangeiros. Os Estados Unidos e a China, com 36% e 33% respectivamente, foram apontados como as maiores ameaças nesse sentido.
O resultado do estudo coincide com as acusações de que autoridades chinesas teriam atacado o site de buscas Google.
O tema foi discutido durante o Fórum Econômico Mundial, na semana passada. O chefe da agência de telecomunicações da ONU, Hamadoun Touré, defendeu que o mundo precisa de um tratado internacional sobre o assunto para impedir uma guerra cibernética.
"Uma ciberguerra seria pior que um tsunami, uma catástrofe (...)", declarou Touré.
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