A primeira usina de energia nuclear do Irã vai começar a fornecer
energia no começo de 2011, informou um alto representante, mostrando um
atraso de vários meses após a disseminação de um vírus de computador
global que, acredita-se, afetou principalmente o Irã.
Autoridades iranianas disseram no domingo que o vírus Stuxnet atingiu
computadores da equipe da usina de Bushehr, mas não afetou os principais
sistemas. A usina de Bushehr é um símbolo da crescente influência
geopolítica do Irã e da rejeição aos esforços internacionais para frear
sua atividade nuclear.
Quando o Irã começou a fornecer combustível para a usina em agosto, as
autoridades disseram que levaria entre dois e três meses para o local
começar a produzir energia e que poderia gerar 1.000 megawatts, cerca de
2,5% da energia usada pelo país.
"Esperamos que o combustível seja transferido para o centro da usina
nuclear de Bushehr na próxima semana, e antes da segunda metade do mês
iraniano de Mehr [7 de outubro]", disse Ali Akbar Salehi, chefe da
Organização de Energia Atômica do Irã, nesta quarta-feira segundo a
agência de notícias semi-oficial Isna.
"A base está sendo preparada nesse sentido e, se Deus quiser, o
combustível será carregado ao centro do reator completamente até o
começo de novembro, e o coração da usina de Bushehr vai começar a bater
até lá."
Salehi acrescentou: "Dois ou três meses depois, essa energia será
acrescentadas às redes". Isso significa que a usina de Bushehr começaria
a gerar energia de janeiro a fevereiro.
Especialistas de segurança dizem que o vírus de computador Stuxnet pode
ter sido um ataque patrocinado pelo Estado contra o programa nuclear
iraniano, originado nos EUA ou Israel, arquirrivais da República
Islâmica.
O programa nuclear iraniano inclui enriquecimento de urânio --separado
de Bushehr--, que as potências ocidentais suspeitam que tenha como
finalidade produzir armas nucleares. Teerã diz que seu programa nuclear
tem fins meramente pacíficos.
SABOTAGEM
Diplomatas e fontes de segurança dizem que os governos ocidentais e
Israel veem a sabotagem como uma forma de frear o trabalho nuclear
iraniano.
Há pouca informação disponível sobre quanto estrago o vírus Stuxnet
causou ao programa nuclear iraniano e à infraestrutura, e Teerã
provavelmente nunca vai divulgar esses detalhes.
Alguns analistas acham que o Irã pode estar sofrendo mais ampla
sabotagem para desacelerar os avanços nucleares, apontando para uma
série de problemas técnicos sem explicação que reduziram o número de
centrífugas em funcionamento na planta de enriquecimento de Natanz.
A usina Bushehr foi iniciada pela alemã Siemens nos anos 1970, antes da
Revolução Islâmica no Irã, mas sofreu vários atrasos.
A Rússia planejou e construiu a usina, e vai fornecer o combustível.
Washington criticou Moscou por prosseguir com os projetos, apesar de
Teerã ter desafiado as potências, recusando-se a frear seu programa
nuclear.
A usina também está sendo monitorada por inspetores da agência nuclear
da ONU (Organização das Nações Unidas).
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