Dizem que Hollywood nunca deixa a verdade se interpor no caminho de uma
boa história, e, embora um filme a ser lançado sobre o Facebook tenha
deixado alguns críticos na dúvida quanto à veracidade ou não de sua
trama, as plateias provavelmente não se importarão muito com isso.
"The Social Network", que chega aos cinemas americanos na sexta-feira
(1º), vem sendo elogiado pela crítica e está até mesmo sendo aventado
como possibilidade para o Oscar, mas sua alegação de que retrata a
história verídica do nascimento do site tremendamente popular de
relacionamento social se deve a um livro que foi criticado por seus
métodos de reportagem.
Assim como "JFK - A Pergunta Que Não Quer Calar" foi acusado de tomar
liberdades com fatos históricos relativos ao assassinato do presidente
John F. Kennedy, "Social Network", de David Fincher, faz parte de uma
longa sequência de filmes de Hollywood que provocaram controvérsia por
seus retratos criativos de personagens da vida real e por cenas de fatos
que nunca aconteceram.
Mas, em uma era em que o público pede TV-realidade, ciente de que em
muitos casos lhe faltam elementos da verdade, é possível que o público
se preocupe muito pouco com a autenticidade, disseram especialistas em
cinema.
"Recentemente temos confundido tanto a realidade com a ficção na
televisão e no cinema que não enxergamos problema em roteiristas e
autores tomarem liberdades para criar algo que seja dramático e
interessante", disse o crítico de cinema Pete Hammond, que também é
colunista do Deadline Hollywood.
"The Social Network" relata como Mark Zuckerberg, o cofundador do
Facebook, transformou-se de estudante arrogante e socialmente
desajeitado da Universidade Harvard, que tinha dificuldades com as
mulheres, em criador de um site de relacionamento social que tem mais de
50 milhões de membros hoje e vale dezenas de bilhões de dólares.
Além de dúvidas quanto ao livro sobre o qual o filme se baseia --"The
Accidental Billionaires: The Founding of Facebook, A Tale of Sex, Money,
Genius and Betrayal" (Os bilionários acidentais: a fundação do
Facebook, uma história de sexo, dinheiro, genialidade e traição), de Ben
Mezrich--, o que está provocando polêmica é o fato de Zuckerberg não
ter cooperado com o filme.
"Boa parte do filme é ficção", disse ele a Oprah Winfrey na semana
passada no talk show da apresentadora. "Estamos falando de minha vida,
portanto eu sei que ela não é tão dramática assim."
Mas os criadores do filme argumentam que "The Social Network" é
basicamente fiel à verdade, sendo a história contada desde três
perspectivas: a de Zuckerberg, de seu antigo amigo e cofundador do
Facebook Eduardo Saverin e dos irmãos Tyler e Cameron Winklevoss,
ex-colegas de classe deles em Harvard.
O filme mostra cenas de depoimentos prestados em julgamentos de ações
movidas contra Zuckerberg por Saverin e os irmãos gêmeos Winklevoss. As
duas ações resultaram em acordos envolvendo o pagamento de grandes
valores.
O roteirista Aaron Sorkin disse à Reuters que, embora "o filme seja
baseado no livro', ele fez suas próprias pesquisas e que o filme foi
"totalmente avaliado e aprovado por uma equipe de advogados".
"A única preocupação deles é que eu não dissesse qualquer coisa que
fosse falsa ou difamatória", disse o roteirista. "Quando a verdade era
contestada, deixamos isso claro também."
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