São más ideias, nada mais.
Os marqueteiros nos garantiram que as pulseiras de fitness levariam uma geração de pessoas obesas, pouco motivadas e que não saem do sofá a praticar exercícios. As pulseiras dariam ao usuário feedback imediato sobre os 3.500 passos, os 5.000 passos ou seja quantos passos fossem que precisaríamos para alcançar nossas metas. Acabariam com a epidemia de obesidade, reduziriam os casos de diabetes e nos ajudariam a encontrar os parceiros bonitos e de corpo bem torneado que desejávamos.
Mas o repórter do "New York Times" Nick Bilton observou uma discrepância gritante entre o que disseram as pulseiras Nike FuelBand dele e de um amigo seu, depois de passarem um dia caminhando pelas ruas íngremes de San Francisco. A pulseira de seu amigo disse que ele tinha sido ativo, e a de Bilton o informou que ele tinha sido preguiçoso.
"Essa é a verdade incômoda sobre muitas das pulseiras de fitness que você vê pessoas usando", escreveu Bilton. "Elas não funcionam realmente. Ou, pelo menos, não funcionam tão bem quanto os fabricantes querem que a gente pense."
As avaliações das pulseiras de fitness apontam para suas falhas, como o fato de não registrarem uma sessão na bicicleta ergométrica. O momento delas como acessório desejável para quem faz exercícios pode ter curta duração; em abril, a Nike demitiu a maior parte da equipe que produz sua pulseira FuelBand, Bilton informou, e anunciou que vai focar sua atenção nos aplicativos.
As promessas do "big data" (o conjunto das tecnologias de coleta e análise de grandes volumes de dados) parecem ser ilimitadas, e os relatos criam a impressão de que não existe praticamente nada que ele não seja capaz de fazer. Com a análise de trilhões de buscas para detectar surtos de gripe ou zilhões de dados telefônicos para detectar um ataque terrorista, escreveram Gary Marcus e Ernest Davis no "New York Times", "o 'big data' promete resolver virtualmente qualquer problema com a análise dos números –criminalidade, saúde pública, a evolução da gramática, os perigos dos encontros românticos."
Mas, dizem, o caminho para um futuro melhor por meio do big data é repleto de grandes problemas. Eles citaram pelo menos nove, entre os quais:
- É possível enganar o big data. Os programas big data de avaliação de redações de estudantes muitas vezes se baseiam em critérios como comprimento de sentenças e sofisticação das palavras usadas. Em vez de aprender a escrever bem, os estudantes aprendem a compor orações longas e usar palavras obscuras.
- Em 2009 o Google Flu Trends rastreou buscas sobre gripe e teria tido resultados melhores que os monitores oficiais. Nos últimos dois anos suas previsões têm tido mais erros que acertos.
- Há um efeito de câmara de ecos, já que boa parte do big data vem da web. Se uma análise feita com big data é um produto de big data, os ciclos viciosos se multiplicam.
Assim, a grande ideia é aumentar o tamanho dos buracos. Com quase 10,8 centímetros de diâmetro, o buraco de golfe hoje é duas vezes maior que a bola, mas algumas pessoas estão propondo um buraco com diâmetro de 38 centímetros.
Charles McGrath escreveu no "New York Times" que, se for adotada, a mudança roubará do jogador o doce prazer sentido quando ele acerta uma bola "de seis metros de distância, que sobe um morrinho, vira à esquerda e descreve uma curva antes de correr para dentro do buraco, como um roedor". E essa é uma má ideia, nada mais.
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