Após um longo dia de trabalho, o dono ou a dona de casa moderna ainda
tem que buscar os filhos na escola e se lembra de que a geladeira está
vazia. Foi-se, na melhor das hipóteses, uma hora no supermercado: tempo
de estacionar, comprar, enfrentar fila e levar tudo para o carro.
Para os atarefados e estressados das grandes cidades, supermercados como
o francês Casino e o britânico Asda (do grupo norte-americano Walmart)
já têm um aplicativo para fazer as compras pelo celular, além de
superescâneres que mapeiam o carrinho todo -sem ter de passar produto
por produto no caixa- e agilizam a vida de quem vai ao local.
Com o aplicativo, o cliente escolhe os itens, paga pelo cartão e passa
numa espécie de drive-thru do supermercado mais próximo para pegar sua
ecobag (devolvida depois na loja) pelo vidro do carro.
E nada de fast food engordurado, congelados insossos e enlatados vindos
do outro lado do mundo. Frutas e verduras são orgânicas, vêm limpas,
semi ou já preparadas para consumo imediato.
A comida pronta é saudável, light, recém-preparada e em pequenas porções
para evitar desperdício. E tudo "razoavelmente" barato, uma vez que o
consumidor que usa esses serviços pensa no preço, mas o que mais preza é
o seu tempo.
As novidades não param por aí. No Brasil, o Walmart já tem um programa
de rastreamento do gado para impedir o consumo de carne de áreas de
desmatamento, como a da Amazônia.
O Carrefour também faz controle de procedência de carnes, hortifrútis e
perecíveis. Por meio do chamado "query code" (veja quadro), o cliente
descobre na gôndola de onde veio o produto, quando uma fruta foi
colhida, o local em que o boi foi abatido e até a ração que o animal
comia.
CHIPAGEM
A principal tecnologia, porém, é a chipagem de produtos, que ainda está
longe de ser implementada no Brasil devido ao custo elevado.
Por meio do chip, como de cartões de crédito e celulares, o item poderá
ser rastreado, ter seu valor debitado da conta e até "avisar" que está
acabando, entre outras facilidades.
Exemplo: Acabou o leite? Basta deixar programado e o chip manda uma
mensagem ao mercado pedindo a reposição (por delivery). O queijo venceu?
Segue para o cesto do lixo, com a encomenda de outro já garantida.
Além de "conversar" com o supermercado, o chip poderá também se
comunicar com os eletrodomésticos da casa -como micro-ondas, fornos e
freezer- para o preparo dos alimentos.
Até em dietas será útil. Contará calorias, vitaminas, minerais e outros itens programados pelo usuário.
COMPRA EXPRESS
Na loja do supermercado Casino na rua des Belles Feuilles (ou das folhas
bonitas), em Paris, o consumidor retira logo na entrada da loja uma
máquina para registrar os produtos, inserindo o cartão de crédito, antes
de começar a comprar.
Enquanto anda pelos 2.700 m² para escolher seus itens, entre os 3.500
oferecidos nas prateleiras, vai escaneando os preços dos produtos e os
coloca no carrinho. Ao terminar, em vez de ir para a fila, vai para o
"Scan Express".
Quando chega ao caixa, o sistema já calculou o valor da compra e a debitou do cartão.
A comodidade de escolher pela internet o que falta na geladeira e
receber sem sair de casa também é mais comum para consumidores europeus
do que brasileiros.
"Quando o brasileiro vai ao supermercado, a compra não é racional. Ele
escolhe o pãozinho mais moreno, do jeito que o filho gosta, a fruta mais
madura ou mais verde. Isso não se faz do sofá de casa, pela internet ou
pelo aplicativo do celular", diz o antropólogo Michel Alcoforado, da
consultoria Consumoteca.
Nessa loja do Casino, 30% do faturamento já vem da entrega em casa. São
3.000 entregas por mês e gasto médio de € 230 por compra.
No Brasil, duas lojas do Pão de Açúcar em São Paulo e uma no Rio, além
da virtual Pontofrio.com, testam o aplicativo para smartphones Itaú
Mobile Card, que permite pagar compras sem cartão.
O cliente (correntista ou com cartão do banco) baixa o aplicativo e, na hora de pagar, informa ao caixa o número do celular.
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