A intimidação virtual pode causar mais problemas às vítimas do que
espancamentos ou ofensas pessoais, reportaram pesquisadores
norte-americanos nesta terça-feira (21).
E ao contrário das pessoas que praticam bullying na vida real, as que o
fazem virtualmente parecem menos deprimidas que suas presas, constatou a
equipe do National Institutes of Health.
Jing Wang, Tonja Nansel e Ronald Iannotti, do National Institute of
Child Health and Human Development, parte do NIH, analisaram dados sobre
uma pesquisa internacional de 2005 e 2006 que incluía 4,5 mil
adolescentes e pré-adolescentes norte-americanos.
Eles responderam a perguntas específicas sobre sentimentos de depressão,
irritabilidade, mau humor e dificuldades de concentração, e também a
questões específicas sobre terem recebido agressões físicas,
xingamentos, rejeição ou mensagens negativas via computador ou celular
--ou feito coisa parecida a terceiros.
"Ao contrário do bullying tradicional, que em geral envolve confronto
face a face, as vítimas de intimidação virtual não são capazes de ver ou
identificar quem as agride", escreveu a equipe de Iannotti em estudo
publicado pelo Adolescent Health.
"Por isso, é mais provável que se sintam isoladas, desumanizadas ou impotentes no momento do ataque", acrescenta o texto.
Os agressores físicos e verbais são eles mesmos deprimidos, em muitos
casos. Mas embora exista pouca diferença nos níveis de depressão entre
os agressores físicos e suas vítimas, a equipe do NIH constatou que as
vítimas de intimidação virtual reportavam níveis de depressão
significativamente mais altos que os dos praticantes frequentes de
intimidação.
A questão da intimidação pode ter dimensões políticas --prejudica o
aprendizado e pode reduzir a média de uma escola nos testes de
avaliação. As escolas norte-americanas estão sob pressão cada vez maior
para elevar seus resultados e demonstrar melhoras regularmente.
No ano passado, a mesma equipe constatou que mais de 20% dos
adolescentes norte-americanos que estão na escola haviam sofrido
intimidação física ao menos uma vez nos dois meses precedentes, 53%
sofreram intimidação verbal, 51% foram intimidados socialmente por meio
de exclusão ou ostracismo e 13,6% foram intimidados por via eletrônica.
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